segunda-feira, 16 de junho de 2014

E vos darei MISSIONÁRIOS que vos apascentem.......

Bom dia na paz do Mestre gente boa,

Depois de longos dias de muito, mas muito trabalho mesmo estou aqui novamente escrevendo novo post. É claro que quando isso acontece é por que algo me inspirou para isso. Vamos lá...

Nesta semana recebi o amigo, Pr. Jamierson de Oliveira em nossa Igreja aqui em Boituva. Foi uma noite especial onde ele pode nos ministrar a Palavra e fomos tremendamente edificados. Depois do culto levei ele para comer um sanduíche na lanchonete de uma irmã da Igreja. E entre uma mordida e outra começamos a conversar sobre o trabalho de Deus. Ele me disse que estava sendo recebido por uma Igreja como pastor e que seria uma nova fase em sua vida e pediu oração por isso.
Bem, para quem não conhece o Jamierson, ele foi o redator chefe da revista Defesa da Fé, fundador e redator chefe das revistas Povos e Apologética e também é um grande mobilizador para missões, sendo que atualmente é o organizador do mais recente lançamento da SBB, a Bíblia Missionária.
Bem, diante dessa notícia que ele me deu, o perguntei como ficaria a sua chamada missionária? Como poderia um homem com profunda chamada para missões ir pastorear uma Igreja local?
Ficamos ali pensando e conversando e começamos a lembrar de quantos ícones do trabalho mobilizador brasileiro em missões estavam dirigindo Igrejas agora.
Lembrei-me do amigo Pr. Francisco Paixão Cordeiro, que chamamos carinhosamente de Paixão, que incendiou o Ceará e o Nordeste com a Mensagem do Amor pelas almas. Lembrei-me do amigo Pr. Eduardo Leandro Alves, que chamamos carinhosamente de Edu, que ainda continua liderando uma das maiores secretarias de missões do Brasil, mas que atualmente também está dirigindo uma grande Igreja no Estado da Paraíba. Lembrei-me do amigo Pr. Silas Tostes, que também está dirigindo a Igreja do Vale da Benção, mas que foi durante muitos anos presidente da AMTB e ainda é presidente da Missão Antioquia. Lembrei-me do amigo, Pr. Timóteo Ramos de Oliveira, que foi missionário na Bolívia e hoje é presidente da Convenção das AD no Rio de Janeiro. Lembrei-me de muitos outros que como o Jamierson foram grandes homens na área missionária e agora estavam sendo pastores de Igrejas.
Isso me levou a esta reflexão.
O que Deus está querendo com tudo isso? Qual a mensagem que Ele quer nos passar? O que o Espírito quer nestes dias com estas mudanças?
Bem, é certo que alguns dirão que é o diabo que está fazendo isso, pois tirar os líderes de missões do cenário nacional e das Igrejas é sua estratégia para trazer letargia. Mas prefiro concordar com Lutero quando ele diz que até o diabo é o diabo de Deus, ou seja, mesmo que seja Satanás a fazer tudo isso, Deus trará isso para o engrandecimento do Seu Reino e para cumprimento da Sua Vontade.
Então, qual o propósito disso?
Eu penso que:
a. É para nos aproximar mais da realidade das Igrejas. Durante muito tempo os mobilizadores foram as Igrejas querendo trazê-las para uma esfera que elas não estavam e não estão preparadas. Não foram poucas as vezes em que vi mobilizadores de missões afundando o dedo no nariz dos irmãos de Igrejas os acusando de omissão quando eles nem sabiam que estavam se omitindo de algo. Hoje, eu tenho certeza, de que a nossa abordagem seria bem diferente, pois conhecemos a Igreja por dentro, seus problemas, suas dificuldades, seus membros dilacerados pelos desafios e etcs;
b. É para nos aproximar mais da realidade dos pastores das Igrejas. Só sabe o que é ser um pastor quem um dia já foi. É desafiador manter um povo sempre desperto e desejoso por algo que não se vê, não se pode tocar mas apenas se pode sentir e crer. É certo que existem os pastores que mais merecem um azorrague (pra ser bem bíblico) nas costas, mas também existem os que querem acertar, fazer a vontade de Deus, agradar ao Senhor. Estão lutando para comprar algumas coisas para deixar a Igreja mais bonita, mais bem arrumada e quando recebe um mobilizador este demonifica todo este trabalho dizendo que as cadeiras vão ficar, que as paredes não vão ir pra céu, que o datashow comprado vendendo latinha podia ser dado aos pobres (lembram desta história?) Pois é, eu tenho certeza de que hoje a história seria diferente, pois agora sabem com quantos pregos se faz um banco;
c. É para nos fazer enxergar que o motivo de não se fazer missões, na maioria das vezes não é culpa da liderança, mas a falta de pessoas com preparo para desempenhar tal trabalho. Hoje eu percebo que mesmo um pastor com coração em chamas por missões precisa de pessoas preparadas para desempenhar tal trabalho na Igreja local. A algum tempo estive na Finlândia e participei de uma entrevista para um meio de comunicação local, e o entrevistador me perguntou qual a maior dificuldade que a Igreja Brasileira tinha para fazer missões, e eu respondi com os pulmões cheios de arrogância que eram os pastores. Hoje eu me arrependo daquela resposta, pois não são os pastores os maiores obstáculos do trabalho, mas sim a falta de capacitação de pessoas para desempenharem essa função nas Igrejas;
d. É para nos fazer conhecer o sistema denominacional. O sistema amarra muitas vezes o trabalho missionário das Igrejas. A organização é boa e necessária, mas quando ela é exacerbada e exagerada, ela engessa. Tudo fica emperrado em uma burocratização religiosa que não permite que hajam avanços, ajudas ou projetos missionários sem que o sistema aprove ou chancele. E somente como pastor é que chegamos a conhecer este lado da moeda. A cobrança é muito grande, o acompanhamento é milimétrico, os fiscais não dormem e nem tosquenejam e é nesse universo que o pastor tem que orbitar;
e. É para nos fazer mais próximos da realidade das pessoas. Já vi muitos mobilizadores desafiarem pessoas para ir ao campo missionário, chamando-as de covardes, de pecadoras por não atenderem o chamado, de medrosas por não desejarem estar no Afeganistão levando tiros, sendo esfaqueadas ou queimadas por amor ao Evangelho. Já vi muitos mobilizadores passarem vídeos de pessoas queimando, sendo torturadas, tendo as cabeças arrancadas, os filhos mortos em sua frente, os maridos presos e tantas outras mazelas e depois destes vídeos o dedo passava apontando acusativamente em riste a todos os presentes, que muitas vezes em lágrimas se sentiam os piores crentes da face da terra. Não foram poucas as vezes em que ouvi de irmãos depois destes cultos que eles pensavam que eram crentes, mas que na verdade não eram. Será isso correto?
Eu creio que Deus está preparando um novo momento missionário para a Igreja no Brasil e creio que ele está preparando os mobilizadores para esse momento. E quando o momento chegar, iremos subir aos púlpitos das Igrejas, não mais como heróis solitários no crer heróico e destemido do missionário, mas como pastores de carne e osso que entendem o que uma Igreja vive e compartilhando com amor, traçando objetivos alcançáveis e edificantes para uma Igreja em Missões. Iremos nos levantar como líderes que poderão falar a outros líderes e estes nos ouvirão pois saberão que a sua realidade também é a nossa. Somos pares. Um novo mover de Deus chegará ao Brasil e Deus contará com homens compassivos e cheios de misericórdia, cheios de amor pela Obra, mas também pela Noiva e pelo Senhor da Seara.
Durante muito tempo eu me questionei e também á Deus qual o motivo de estar pastoreando Igrejas, mas agora entendo melhor, e aguardo com paciência pelo momento em que Deus precisará de nós para este novo mover.
Lembro-me e aqui termino das palavras do Pastor Temóteo Ramos em um dos nossos congressos de missões: "Irmãos, Deus me fez um missionário, agora sou pastor. Então sou um missionário-pastor e entendo que foi Ele que quis assim. Ultimamente tenho atuado em missões mais do que quando era missionário de campo. Como pastor pude encabeçar um Projeto onde compramos um barco de 1,5 milhão de reais que serve levando a Palavra de Deus aos ribeirinhos no Amazonas. Louvado Seja Deus. Sim, sou e sempre serei um missionário-pastor".

Um abraço deste que também é um missionário-pastor.